Até o dia 21 de abril, a Casa da Cultura de Cocal do Sul recebe a exposição do projeto Jovens Artistas Catarinenses, um espaço dedicado à expressão artística contemporânea e ao fortalecimento da cultura local. A mostra está aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, no centro da cidade, e reúne obras e vivências que dialogam com temas sociais, existenciais e emocionais, provocando o olhar e o sentir de quem passa pelo local.
O projeto, que já vem sendo realizado há três anos em diferentes cidades de Santa Catarina, tem se consolidado como um importante movimento de valorização de novos talentos e de renovação da cena artística no estado. Para o curador e artista Marcos Dagostin, “a Jovens Artistas Catarinenses tem sido um espaço de visibilidade para a renovação da arte em Santa Catarina, revelando novos artistas, em espaços diversos e com novos curadores. A exposição se tornou um importante movimento da arte contemporânea do sul do estado, com grande repercussão e abertura para novas reflexões”.
A proposta vai além da exibição de obras. Através de perguntas feitas aos artistas participantes, o projeto também revela os bastidores da criação e as experiências pessoais de quem transforma sentimentos e histórias em arte. A artista Ana Clara Selhorst, por exemplo, compartilha um conselho essencial para quem está começando a se interessar pela prática artística: “Seja fiel a você mesmo. Vivemos em uma sociedade acelerada, com excesso de informação, e é fácil se perder em comparações. A arte, para mim, sempre foi um lugar de experimentar, de ouvir a mim mesma. Hoje, vejo que isso é meu maior tesouro. Também aconselho: experimente! Teste técnicas, formatos, materiais… Na arte não existe certo ou errado.”
A exposição também é marcada por projetos com forte carga simbólica e social. Um dos destaques é o trabalho da artista visual Julia Steffen, que conduziu oficinas com mulheres sobre o tema da violência. Durante os encontros, as participantes bordaram frases e palavras em tecidos, expressando suas vivências, cicatrizes e superações. “São mensagens de indignação, pedidos de paz, alegria pela saída da violência, lembranças das que já não estão… São sentimentos que precisam ser expostos e reafirmados todos os dias, para que nossas histórias sejam ouvidas e possamos continuar de pé”, conta Julia.
Para o curador Ruan Rosa, a exposição representa mais do que um evento cultural: ela é uma possibilidade de transformação pessoal e coletiva. “Pensar a arte para além de um trabalho ou profissão é mergulhar naquilo que ela provoca, evoca e transforma — tanto em quem faz quanto em quem se abre para experimentá-la. Arte pode ser entendida como um modo de existir no mundo, de sentir, de perceber e de responder à realidade. Não é apenas produção de objetos, mas uma forma de estar em relação com o outro, com o tempo, com a memória, com o corpo, com o silêncio, com o impossível.”