No começo eram os postos de saúde, depois vieram os PSFs e as UBSs, agora os atendimentos básicos de saúde nos bairros são chamados de ESF (Estratégia de Saúde da Família), que em Cocal do Sul são sete, contemplando todo o município, através do zoneamento de áreas, sem contar com o posto central chamado de “24 horas”.
Tudo isso está na responsabilidade da enfermeira e coordenadora das ações primárias de saúde, Emanuelle Cristina Gireli. Os ESFs fazem mais de 4 mil consultas por mês com seus sete médicos que atendem em média 500 consultas semanais numa carga/horária de 40 horas, sem contar os outros três médicos de carga/horária de 20 horas que dão suporte e os 15 colaboradores à disposição dos pacientes.
“Nós contamos com enfermeiros, médicos, dentistas, auxiliar de saúde bucal, técnicos de enfermagem, higienizadora e seis a sete agentes comunitários de saúde. Os agentes comunitários de saúde são 38, mas precisamos de pelo menos mais cinco para atender os novos bairros que vão aparecendo na cidade”, afirmou a coordenadora.
“As agentes são o elo que nós temos com a comunidade, são elas que estão mais perto da população e são elas que identificam os problemas e as vulnerabilidades e trazem para o ESF para que o corpo clínico local tome as providências. Elas também levam as informações de rotina à unidade que conseguem através das visitas domiciliares diárias, assim todos são contemplados nos encaminhamentos e orientações. As agentes têm papel fundamental nesse processo”, finaliza Emanuelle.
Centro de assistência psicossocial

Um dos serviços dispensados à saúde dos sul-cocalenses é o atendimento psicossocial através do CAPS, que atende em média 500 pessoas por mês, nas diversas áreas da psiquiatria, com atendimentos multidisciplinares, distribuindo milhares de medicamentos gratuitamente, com total controle de dosagens e quantidade, esclarece a coordenadora, psicóloga Andreia Ortigossa.
Também segundo a enfermeira Charlene da Silva Rosso, são feitos atendimentos com pacientes com transtorno mental grave e crônico. “Temos também grupos terapêuticos, atendimento psicoterápicos, visitas domiciliares, atendimento psiquiátrico, questão de álcool e drogas, também damos acompanhamento na questão básica, encaminhamentos para internações nos casos graves e o matriciamento e outras demandas que aparecem diariamente”.
O matriciamento é a criação de espaços de encontros favoráveis ao diálogo e à pactuação. No caso da saúde mental, principalmente com vistas à ampliação das possibilidades de fomento de um cuidado integral à pessoa em sofrimento psíquico, por meio do envolvimento de vários serviços.
Os atendimentos são feitos de segunda a sexta-feira em horário comercial, sem fechar ao meio-dia. “A faixa etária das pessoas varia muito, mas na maioria elas têm de 40 anos em diante, mas temos casos de crianças, jovens e por vezes os pais também são acolhidos como parte do tratamento dos dependentes, sem contar as atividades laborais complementares, tais como grupos terapêuticos com atividades manuais com a professora de artes e com a professora de terapias ocupacionais, tudo isso para estimular a criatividade e convivência social, sem falar na auriculoterapia. Desta forma atacamos um outro problema que é a questão do suicídio, que no nosso CAPS, graças a Deus, neste ano não tivemos nenhum caso”, ressalta Charlene.
Cocal Sorridente

O programa Cocal Sorridente tem a intenção de resgatar a autoestima dos munícipes, que por vezes não têm condições de comprar uma prótese dentária, passando muitos anos e até uma vida inteira com problemas dentários, sem poder sorrir espontaneamente e até sem mastigar corretamente.
“O programa Cocal Sorridente tem o objetivo de confeccionar próteses, totais, superiores e inferiores e próteses parciais removíveis”, afirma o coordenador do programa, Carlos Henrique Burigo Rosso, dentista natural da cidade e com mais de 20 anos de profissão.
Ele explica como são os encaminhamentos: os usuários do sistema SUS devem procurar o serviço odontológico na unidade básica do seu bairro, agora ESF (Estratégia de Saúde da Família), onde são feitas todas as averiguações nas bocas dos pacientes, tais como extração, restauração, limpeza e remoção do tártaro e outros procedimentos, deixando a boca pronta para receber a prótese.
Os pacientes que concluem essa etapa e que têm necessidade de prótese são encaminhados pelos dentistas à coordenação central da ESF, num sistema de regulação, numa fila única do município, e depois são encaminhados a uma empresa terceirizada através do Cisamrec (Consórcio Intermunicipal de Saúde dos Municípios da Região Carbonífera), que presta serviço ao município e que confecciona as próteses. Esse serviço leva de quatro a cinco consultas para a obtenção do trabalho final e posterior entrega ao paciente, sem nenhum custo. O município arca com todas as despesas, já que faz parte do Cisamrec.
O coordenador do programa Cocal Sorridente lembra que todos que residem no município e estão cadastrados nos ESF podem, caso seja necessário, obter a sua prótese dentária. “Nós estávamos fazendo cerca de 25 por mês, mas o prefeito mandou aumentar para 60, em mutirão, porque a fila já estava com mais de 100 pessoas esperando. De forma que agora não demora muito! Lembrando que já entregamos 127 próteses dentárias de janeiro a maio de 2022”, finalizou.
Programa antitabagismo

Um dos programas mais procurados e bem sucedidos é o do combate ao tabagismo. Como se sabe, a doença do tabagismo tem ceifado milhares de pessoas mundo afora. A fumaça inalada pelo fumante contém mais de 4 mil substâncias malignas ao corpo humano, dentre elas várias cancerígenas. A Secretaria da Saúde do município mantém há 15 anos esse programa em parceria com o Ministério da Saúde.
Os interessados em deixar de fumar ou se livrar da doença do tabagismo devem procurar uma Unidade Básica de Saúde em qualquer bairro e se inscrever, ou procurar a agente de saúde local que fará os encaminhamentos e informará os passos a serem seguidos pelo paciente.
“Somos uma equipe multidisciplinar que trabalha incansavelmente para que pessoas da nossa cidade tenham melhor qualidade de vida e saúde”, ressalta a coordenadora do programa, a assistente social Sinara Milanez. “Somos vários profissionais envolvidos, em vigilância constante para que todo esforço não seja desperdiçado, isso porque a doença do tabagismo realmente é muito difícil de ser curada. Nossa equipe tem enfermeiros, dentistas, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, agentes de saúde e cardiologistas trabalhando juntos”, destaca a farmacêutica Fatima Pignatel, sem contar os medicamentos
Brupropiona e adesivos de nicotina, usados como tratamento de apoio.
A psicóloga Salete Francisco explica que os grupos são formados de no máximo 15 pessoas e são realizadas reuniões quinzenais na unidade central de saúde, localizada na rua Angelo Peruch, no centro da cidade. “Para acompanhamento, para trocar experiências e para serem avaliados e para que cada um conte de viva voz como está sendo o tratamento, as dificuldades com relação às ansiedades, crises de abstinência e as reações do corpo que agora passa a viver sem o cigarro, e isso muda completamente o modo de ser das pessoas”, afirma Salete.
Farmácia central
Outro equipamento público relacionado à saúde dos sulcocalenses é a Farmácia Central, que está sob a responsabilidade da farmacêutica e bioquímica Fatima Teixeira, que está à frente deste trabalho há 20 anos. “Nós fizemos no ano de 2021 mais de 46 mil atendimentos, que vão dos básicos até os complexos, inclusive passando por demandas judiciais”.
“Os medicamentos realmente básicos são distribuídos para as ESFs, a saber os de hipertensão, camisinhas e anticoncepcionais e outros de uso diário. Aqueles mais específicos, como os da Aids e os dos processos, são pegos aqui na unidade que fica na rua Jorge Meneguel, 441, no bairro São João, aberto de segunda a sexta-feira sem fechar ao meio-dia”. Fatima também acrescenta que os recursos vêm do governo federal, estadual e a cota municipal. “E as compras nós mesmos fizemos, para suprir a nossa cesta que chega perto de 200 itens”, afirma.
Saúde do trabalhador
Com objetivo de atender todos os munícipes, o programa Saúde do Trabalhador, que tem a coordenação da enfermeira Emilia Burigo, foi implantado recentemente no posto central 24 horas, que está sob a responsabilidade da enfermeira Rose Citadim. O programa inclui o Saúde da Mulher, para assistir as trabalhadoras que não podem ir nos ESFs durante o dia e necessitam de exames ginecológicos, tais como Papanicolau e os outros exames de rotina que são inerentes à saúde feminina. Já os casos de mamografia são encaminhados para o hospital de Urussanga.
Esses atendimentos acontecem das 17 horas até as 21 horas, de segunda a sexta-feira, lembrando que também as vacinas da gripe e da covid estão à disposição, só que nesses casos apenas nas terças e quintas-feiras.
“Ainda dentro do programa Saúde do Trabalhador existe o atendimento odontológico, com dentista de plantão para as pessoas que não podem ir durante o dia nas ESFs, que funciona nos horários acima citados”, afirma o secretário da Saúde, Sidnei Duarte de Oliveira.
Especialidades
Nos casos mais graves que necessitam de acompanhamento especializado os pacientes são encaminhados para o setor dos convênios Cisamrec. São cardiologistas, cirurgiões vasculares, ortopedistas e várias outras, porém nesses casos demora mais tempo, devido à grande fila única que compreende todos os municípios do consórcio.
A responsável Marcia Teixeira diz que na verdade há que ter um pouco de paciência. “Afinal, todos têm os mesmos direitos e não é justo furar a fila, embora os hospitais de Içara e de Urussanga não têm medido esforços para não atrasar muito. Lembrando que tudo começa lá no bairro nas ESF”, ressalta.